“Viver sobre as expectativas de outras pessoas não é viver.”

“Boas meninas se afogam em silêncio“, de Andressa Tabaczinski, é uma obra que captura a atenção do leitor desde as primeiras páginas. A trama é centrada na descoberta chocante do corpo de Amélia Moura, uma jovem aparentemente perfeita, encontrada morta com sinais de estrangulamento em uma região isolada de Curitiba. A tempestade que antecede a descoberta de seu corpo parece simbolizar o turbilhão de segredos que começa a ser revelado.

A delegada Ana Cervinski e o policial Júlio Bragatti são os responsáveis pela reabertura do caso, que havia sido arquivado por falta de provas concretas. A pressão da mídia e da opinião pública intensifica a urgência da investigação, e ambos os personagens são retratados com profundidade e nuances que evidenciam sua dedicação e as dificuldades que enfrentam no processo. Ana e Júlio não são apenas investigadores; eles são pessoas reais, com suas próprias histórias e conflitos internos, o que enriquece a narrativa.

Amélia Moura, vista pela sociedade como a filha exemplar de um deputado influente, primogênita de uma família tradicional e noiva de um empresário respeitado, é o centro de um mistério que desafia as primeiras impressões. A revelação de que ela recebia visitas secretas de uma mulher desconhecida, captadas por câmeras de segurança, lança uma nova luz sobre sua vida, sugerindo que ela guardava segredos profundos. Essa descoberta é um ponto de virada crucial na trama, que começa a explorar as várias camadas da vida de Amélia e as pressões que enfrentava.

A escrita de Tabaczinski é ágil e precisa, mantendo o leitor constantemente envolvido e ansioso pelo próximo passo. A combinação de uma investigação policial meticulosa com elementos de drama pessoal resulta em um thriller que é tanto eletrizante quanto emocionalmente ressonante. A autora constrói uma atmosfera de tensão crescente, enquanto revela gradualmente as verdades ocultas e as mentiras que permeiam a vida dos personagens.

A obra não é apenas uma história de mistério; é também uma reflexão poderosa sobre as expectativas e os papéis sociais impostos às mulheres, e como essas expectativas podem sufocar suas verdadeiras identidades. Tabaczinski questiona o que significa ser uma “boa menina” em uma sociedade que valoriza mais as aparências do que a autenticidade. O título da obra é uma metáfora pungente para as vidas silenciosamente sufocadas por essas pressões invisíveis.

A obra se destaca não apenas pela trama bem elaborada e pelo suspense bem dosado, mas também pela profundidade emocional e crítica social que traz à tona. “Boas meninas se afogam em silêncio” é uma leitura essencial para quem aprecia um thriller psicológico que vai além do simples entretenimento, oferecendo uma visão crítica sobre as complexidades e contradições da vida moderna.

Recomendo este livro para os amantes de mistérios que também buscam um drama profundo e reflexivo, capaz de prender a atenção e deixar uma marca duradoura no leitor.

– Livro cedido gentilmente pela Editora Rocco. ✨